a companhia
A Vigilâmbulo Caolho começou a esboçar-se no último espectáculo do Ciclo de Leituras Dramáticas, produzido pelo Arteviva – Companhia de Teatro do Barreiro, quando Pedro Manuel e Ricardo Guerreiro conceberam uma versão do texto Branca de Neve (2003), de Robert Walser.
Mas foi a criação do espectáculo O Armário (2004), estreado no Auditório Municipal Augusto Cabrita e apresentado no Teatro Municipal do Barreiro, que veio confirmar a possibilidade de criar um projecto teatral autónomo, um reportório de espectáculos, textos e intenções artísticas que atravessavam a criação teatral, a literatura e as artes plásticas.
Costumamos utilizar um texto para nos apresentarmos:
O grupo de teatro Vigilâmbulo Caolho tem como actividade principal a produção de espectáculos caracterizados por um interesse pelo erudito e pelo popular, ligados à história do teatro e às artes plásticas, através de obras adaptadas e criações originais, instalações e edições, junto de todos os públicos, aqui e ali, ora dizendo o mesmo, ora o contrário.
Trata-se de um projecto teatral que procura articular duas dinâmicas estéticas, o teatro e as artes plásticas, assim como articular duas dinâmicas temáticas, a cultura local e a cultura global, a história e as estórias, o quotidiano e o fantástico.
Este permanente fluxo e refluxo cria espectáculos de experimentação cénica e intervenção artística e cívica que tendem a consolidar afinidades pessoais e estéticas entre a companhia, o público e as instituições. Na senda do nome que define a linha do projecto, esta articulação procura sempre um estado de contacto e confronto, associando e dissociando.
Reconhecemos no teatro a força do acontecimento invulgar, extraordinário, artificial, a sua capacidade de tornar sensível e visível, a sua força de intervenção política e social, o espaço de reinvenção estética do mundo, a transformação da experiência em criação de memória.
o nome
Vigilâmbulo é uma palavra que designa, ao mesmo tempo, o estado da vigília e o estado do sonâmbulo. Não significa um estado intermédio mas uma maneira de ser paradoxal. Caolho é um termo popular que designa o estrabismo.
Assim, o vigilâmbulo caolho é uma figura de ironia, cómica e trágica, misturando o erudito e o popular, caminhando meio acordado e meio a dormir, com um olho virado para cada lado. O vigilâmbulo caolho é o camaleão, com as órbitas independentes e com o corpo transparente, fingidor, falso, hierático como um ídolo, concentrado, aparecendo e desaparecendo por entre folhagem, visível, invisível.
Funcionando como uma palavra estrangeira dentro do Português, vigilambulocaolho representa a pesquisa da ambiguidade na linguagem teatral, através do erudito e do popular, da história do teatro e das artes plásticas, da ilusão e do artifício.
Trava-língua, tira-dentes,
tira-teimas, trinca-espinhas,
troca-tintas ou taco-a-taco,
Vigilâmbulo Caolho é,
em duas palavras,
uma palavra difícil.
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