sábado

o novo espectáculo

Já reparam não foi? Mudámos o cabeçalho do blog para anunciar o próximo espectáculo da Vigilâmbulo Caolho País Imaginário. Apresentamos desde já um excerto do texto e uma primeira ficha técnica. Para abrir o apetite, vão dando o nó ao babete.


«Era uma vez um país imaginário. O nome deste país deverá permanecer secreto pois o anonimato favorece as imaginações e, assim, em vez de conhecermos este país como se fôssemos turistas, talvez seja possível habitá-lo por instantes reconhecendo, aqui e ali, um ou outro traço do nosso próprio país, aquele em que nascemos ou sentimos que renascemos, a terra mãe, como os primitivos gostavam de dizer na sua primitiva língua, ou a casa-de-partida como hoje dizemos, com propriedade, acerca do monopólio que é para nós o nosso país, esse sim bem real e bem mais distante de qualquer fantasia, o sítio, o mais pequeno espaço que se abriu para nós quando nascemos, único e irrepetível, como uma semente para o seu pedaço de terra (...) O país imaginário de que falo pode ser encontrado ainda no Norte de África e numa ponta da Europa, vendo-se na cauda ou na coroa dependendo de quem vê, depois de passar por umas ilhas, para quem vai de barco, ou por um estreito de água, para quem vem das terras do sul. Um dos conjuntos de ilhas, espalhadas à sorte pelo mar, guarda o nome dos pássaros açores que aí voam em círculos sobre os pedaços de terra, postas ali para o seu vôo e sua casa. Outra das ilhas guarda o nome dos seus troncos e madeiras e, apesar de ser de terra, poderíamos julgar pelo nome que se tratasse de uma ilha flutuante, feita de madeira, como os barcos. O estreito de água é, na verdade, um estreito de terra, um caminho por onde chegaram os primeiros daqueles que foram os antepassados africanos da maioria dos povos que ainda hoje habitam nas terras da Europa, um estreito de terra coberto por água salgada, uma terra de ninguém, submersa e sobrevoada por barcos e peixes. Assim, pelas ilhas ou pelo estreito, a circunstância de se chegar a este país quase sempre por água dá a sensação de que é uma ilha, o que reforça ainda mais a sua natural inclinação para o mito de país imaginário.»


País Imaginário
no
Convento da Verderena
de 3 Novembro a 17 Dezembro
Quintas, Sextas e Sábados às 21.30h



Ficha Técnica
Autoria e Interpretação: Pedro Manuel
Cenografia e Figurino: Sara Franqueira
Caracterização: Leónia Charneca
Direcção de Actor: Júlio Mesquita, Ricardo Guerreiro
Produção: Rita Conduto, Pedro Manuel
Apoio: Câmara Municipal do Barreiro