quinta-feira

Imagens da estreia - Debaixo da Cidade

Aí estão as imagens da estreia de Debaixo da Cidade! As fotografias são de Guilherme Ferreira/ CMB.
Para a Vigilâmbulo Caolho a estreia foi um sucesso. Foi mesmo. Desde então temos vindo a acreditar ainda mais nos nossos projectos e isso deve-se em muito à boa recepção do AMAC e, sobretudo, ao diálogo com o público que seguiu o espectáculo e onde pudémos confrontar e confirmar muitas das ideias que estiveram na origem da concepção geral:
A presença através da ausência física dos corpos dos actores e da adaptação do texto, a distribuição do monólogo por quatro vozes, distribuídas segundo esquemas rítmicos de monólogos, diálogos, coros, simultaneidades que dinamizavam a cena estática
O espaço cénico, criado a partir da ideia de casa, de memória, de ocultamento, de sugestão. Os objectos domésticos, mesas, cadeiras, um cadeirão, uma gaiola, cobertos por lençóis, criam um corpo inanimado que as vozes animam, como se fosse uma marioneta.
Referências diversas ao significado do texto: a revolta contra o exterior, contra os outros que impedem a personagem de se libertar (visão política), a dificuldade em ser único, ter uma personalidade (visão psicológica), a crise de escolher, a duplicidade ou triplicidade.
Falámos também da sensação de as vozes subirem e descerem, de se espalharem pelo espaço, e que resultou de termos aberto uma quartelada debaixo do cenário que permitia subirmos, descermos, saírmos.
Referência à cadeira perversa, destacada do corpo/casa; perversa porque tem três e não quatro pernas e porque pode ser o lugar de alguém.
A relação de contra-cena entre as nossas vozes e a voz-off de Horácio Manuel, sugerindo uma quarta presença e introduzindo um elemento artificial que reforça o carácter heterogéneo das vozes no espectáculo, como reforça também a ideia de animação do inanimado.